Funcionalidade introduzida no iOS 18 reforça a segurança mas prejudica autoridades
A Apple implementou nos novos dispositivos com iOS 18 um recurso que reinicia o iPhone após 72 horas de inatividade, dificultando o acesso por terceiros.
“Inactivity Reboot” em ação
A pesquisadora do Instituto Hansso Plattner, Jiska Classen, uma das primeiras especialistas a detectar o recurso, declarou que o sistema de segurança reinicia o iPhone se ele não for desbloqueado por três dias. Após reiniciar, o dispositivo entra em um modo ainda mais seguro, uma vez que as chaves de criptografia armazenadas no chip de enclave seguro do iPhone são bloqueadas, dificultando ataques que tentam extrair dados.
“A reinicialização por inatividade (…) bloqueia efetivamente as chaves de encriptação no processador Secure Enclave. Mesmo que os ladrões deixem o iPhone ligado durante muito tempo, não conseguirão desbloqueá-lo com ferramentas forenses mais baratas e desatualizadas.” – Classen
A pesquisadora também publicou um vídeo, em que mostra na prática o funcionamento do recurso.
See the latest iOS inactivity reboot in action!
— Jiska (@naehrdine) November 13, 2024
iOS 18 comes with improved anti-theft measures. Three days w/o unlock, the iPhone will reboot, preventing thieves from getting your data. (1/4) pic.twitter.com/H24Tfo1cSr
Estados de Segurança
Os iPhones operam em dois estados de segurança, um antes do primeiro desbloqueio, chamado de BFU (Before First Unlock) e outro estado após o primeiro desbloqueio, chamado de AFU (After First Unlock). Antes do primeiro desbloqueio os dados do dispositivo estão totalmente criptografados. Nesse estado é praticamente impossível acessar as informações sem a senha de acesso do usuário. Já no segundo estado, alguns dados são descriptografados, tornando-se mais vulneráveis a ataques ou tentativas de acesso.
O “inactivity reboot” força o dispositivo a voltar para o estado BFU, tornando-o mais difícil de invadir.
Polêmica
Se por um lado essa ferramenta é benéfica para os usuários, uma vez que protege informações pessoais contra roubo ou exploração não autorizada, por outro lado, levanta preocupações ao dificultar o acesso das autoridades policiais a dispositivos apreendidos.
No início do mês, o portal 404 Media trouxe a notícia de que agentes policiais e investigadores forenses norte-americanos estavam preocupados com o fato de dispositivos apreendidos para perícia estarem reiniciando misteriosamente e voltando a em um estado muito mais difícil de acessar.
A Apple tem sido alvo de inúmeras críticas por autoridades policiais que alegam que a segurança robusta dificulta os trabalhos investigativos. Além disso, a empresa é acusada de não contribuir com as autoridades no acesso aos dispositivos apreendidos.